O DOCUMENTO FOTOGRÁFICO DIGITAL: GESTÃO E PRESERVAÇÃO NO JORNAL O GLOBO
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Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 1DOI: 10.20396/rebpred.v6i00.20300O DOCUMENTOFOTOGRÁFICO DIGITAL: GESTÃO E PRESERVAÇÃO NO JORNAL O GLOBOTHE DIGITAL PHOTOGRAPHIC DOCUMENT:MANAGEMENT AND PRESERVATIONATO GLOBO NEWSPAPERLucas Mourão TavaresUniversidade Federal do Estado do Rio de JaneiroE-mail:[email protected] de Janeiro –RJ –Brasil Anna Carla Almeida MarizUniversidade Federal do Estado do Rio de JaneiroE-mail:[email protected] de Janeiro –RJ –Brasil Marcelo Nogueira de SiqueiraUniversidade Federal do Estado do Rio de JaneiroE-mail:[email protected] de Janeiro –RJ –Brasil ResumoIntrodução: O artigo propõe uma reflexão sobre a fotografia digital, especialmente no campo do fotojornalismo, e sua gestão e preservação. Objetivo: explorar as interfaces dialógicas entre arquivística e fotojornalismo digital a fim de conduzir análise da gestão e preservação do arquivo fotográfico digital do Jornal O Globo. De maneira específica, objetiva-se identificar as principais problemáticas que se fazem presentes na gestão e preservação de arquivos do Jornal O Globo.Metodologia: estudo de casode cunho qualitativo, exploratório e descritivo, buscando-se interpretar os dados levantados a partir da aplicação de questionários que visam possibilitar o alcance quanto ao nível de consciência profissional atrelado à preservação de arquivos fotográficosdigitais. Para além desses instrumentos, recorreu-se também aos aportes teóricos de célebres autores dos campos da Arquivologia. Resultados: O estudo, portanto, procura lançar um olhar crítico sobre a questão da gestão e preservação digital de documentos fotográficos, bem como apresentar possibilidades práticas e viáveis para a realização de um efetivo trabalho na área do fotojornalismo. Conclusão: foi possível perceber que o fotojornalista tem participação direta na produção, na seleção (avaliação), na identificação e no envio dos documentos fotográficos digitais para o repositório para um arquivamento permanente. .Palavras-chave: Arquivologia.Gestão de documentos.Preservação digital. Fotojornalismo. Fotografia.Abstract Introduction: This article proposes a reflection on digital photography, especially in the field of photojournalism, and its management and preservation. Objective: to explore the dialogic interfaces between archiving and digital photojournalism in order to conduct an analysis of the management and preservation of the digital photographic archive of the Jornal O Globo. Specifically, the aim is to identify the main problems that are present in the management and preservation of the archives of the Jornal O Globo. Methodology:qualitative, exploratory and descriptive research, seeking to interpret the data collected from the application of questionnaires that aim to enable the achievement of the level of professional awareness linked to the preservation of digital photographic archives. In addition to these instruments, theoretical contributions from famous authors in the field of Archival Science were also used. Results: The study, therefore, seeks to cast a critical eye on the issue of digital management and preservationof photographic documents, as well as to present practical and viable possibilities for carrying out effective work in the area of photojournalism. Conclusion: it was possible to see that the photojournalist has direct participation in the production, selection (evaluation), identification and sending of digital photographic documents to the repository for permanent archiving.Keywords:Archival Science. Document management. Digital preservation.Photojournalism.Photography.
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 2LICENÇA DE USOOs autores cedem àRevista Brasileira de Preservação Digitalos direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution(CC BY) 4.0 International. Estra licença permite que terceirosremixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico. Os autorestêm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.PUBLISHERSUniversidade Estadual de Campinas –Sistema de Bibliotecas / Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia –Rede Brasileira de Serviços de Preservação Digital –Cariniana.As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.EDITORES Gildenir Carolino Santos, Miguel Angel Márdero Arellano. CREDITReconhecimentos: Não aplicável.Financiamento: Não aplicável.Conflitos de interesse: Os autores certificam que não têm interesse comercial ou associativo que represente um conflito de interesses em relação ao manuscrito.Aprovação de ética: Não aplicável.Disponibilidade de dados e material: Não aplicável.Contribuições dos autores: Conceitualização; Investigação; Metodologia; Administração do projeto; TAVARES, L. M.; Escrita –rascunho original; Escrita –revisão & edição: TAVARES, L. M.; MARIZ, A. C. A.; SIQUEIRA, M.N. de.ODS:9. Inovação e infraestruturaSubmetido em: 27/01/2025–Aceito em: 16/03/2025–Publicado em: 10/07/2025
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 4arquivístico não é apenas uma fonte de informação, mas também um elemento essencial para a compreensão e preservação da memória institucional e cultural.Rondinelli (2014, p. 235) reconhece a complexidade e a profundidade envolvida na compreensão amplificada de classificação de documentos arquivísticos aplicada a várias vertentes de suporte documental, salientando, entretanto, a importância de considerar tanto a sua natureza e origem quanto a sua integração e relação com outros documentos dentro de um sistema arquivístico. Por isso, fotografias produzidas por fotojornalistas em um contexto de empresa de mídia, relacionados a outros documentos dentro de um Digital Asset Management(DAM), podem ser perfeitamente entendidas nessa perspectiva. Ao tratar das ideias centrais sobre o conceito de documento arquivístico, conceitos fundamentais no campo da Arquivologia devem ser observados, focando especificamente nas características e natureza dos documentos arquivísticos. Daí a necessidade de se caracterizar fotografias produzidas pelos fotojornalistas.Neste ponto, a análise de Rondinelli (2014, p. 225-230) concentra-se em duas questões principais. A primeira é a natureza do documento arquivístico em relação às entidades (pessoas físicas ou jurídicas) que o produzem e a organicidade como uma característica intrínseca desses documentos. No que diz respeito à natureza do documento arquivístico, refere-se à origem e constituição dos documentos arquivísticos. A conexão entre o documento e a entidade que o produz para a autora é vital para entender sua natureza. A segunda questão é a organicidade como uma das características centrais do documento arquivístico, conforme identificado nos trabalhos de vários autores apresentados pela autora mencionada. Essa característica refere-se à maneira como os documentos sãointegrados e relacionados entre si dentro de um arquivo. Sobre o documento arquivístico digital, é importante dizer que o documento não apenas existe em formato digital, mas também é gerado, transmitido e conservado através de processos computacionais. Ao compreender essas definições, profissionais das áreas podem aplicar práticas apropriadas para a gestão e preservação de documentos arquivísticos em suas variadas formas e ao que nos interessa nesta pesquisa, especificamente à fotografia, tratando-a como um documento arquivístico, e no caso da fotografia digital,como um documento arquivístico digital.O documento arquivístico digital é um documento, isto é, “uma unidade indivisível de informação constituída por uma mensagem fixada num suporte (registrada), com uma sintática estável”, “produzido e/ou recebido por uma pessoa física ou jurídica, no decorrer das suas atividades”, “codificado em dígitos binários e interpretável por um sistema computacional”, em suporte magnético, óptico ou outro (Rondinelli, 2014, p. 235).Umavez que o documento é criado e salvo, sua apresentação visual, layoute qualquer outro aspecto de formatação devem permanecer inalterados ao longo do tempo. O “conteúdo estável”, por sua vez, assegura que a informação contida no documento permanece constante e imutável após sua criação inicial. Esta
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 5característica é crucial para garantir a confiabilidade1do documento como um registro fidedigno. Vale aqui destacar que é o que justamente se espera que aconteça na cadeia de custódia de fotografias no contexto do fotojornalismo.No contexto dos documentos fotográficos digitais, as relações entre eles são essenciais para compreender suas funções e atividades. Ao contrário da coleta artificial, essas conexões são orgânicas2e são estabelecidas por meio de registros, planos de classificação ou sistemas de arquivamento. A preservação dessas relações é crucial para garantir a integridade e a autenticidade dos documentos digitais ao longo do tempo.Isso ajuda a compreender o documento dentro de um contexto maior, contribuindo para o seu entendimento e interpretação histórica e administrativa. Novamente, esse é um aspecto importante no contexto do fotojornalismo e que irá corroborar diretamente com osobjetivos buscados por essa pesquisa. O “contexto de identificação” talvez seja o fator que mais representará um gargalo na cadeia de custódia relacionada à produção dos fotojornalistas. Essa característica, que é a capacidade de identificar o contexto no qual um documento foi criado, transmitido e recebido é fundamental, mas por vezes é negligenciado por motivos que este estudo pretende levantar. No contexto do fotojornalismo digital, isso pode envolver metadados que registram detalhes da fotografia.Rondinelli (2014, p. 236) trata ainda da importância de cinco figuras no contexto de um documento arquivístico: autor, redator, destinatário, originador e produtor. Esses papéis são essenciais para compreender a gênese, a finalidade e a transmissão do documento. Enquanto o autor é quem concebe o documento, o redator é a pessoa que fisicamente o compõe. O destinatário é a pessoa ou entidade a quem o documento é dirigido. O originador é a pessoa ou entidade que dá origem ao documento, e o produtor é quem criaou gera o documento. É importante notar que, para um documento ser considerado arquivístico, pelo menos o autor, o redator e o destinatário devem estar presentes. Sendo assim, a pesquisa investigou como essa perspectiva pode ser aplicada à cadeia de custódia das fotografias digitais produzidas pelos fotojornalistas.2.2 Aspectos da gestão de documentos aplicados ao documento fotográfico digitalAo fazer uma análise epistemológica, Indolfo (2007, p. 40) trata a gestão de documentos sobre a perspectiva da busca por alcançar economia e eficiência na criação, manutenção, uso e eliminação de documentos durante seu ciclo de vida. Também é descrita comoo campo da gestão responsável pelo controle eficiente e sistemático da criação, manutenção, uso e destinação dos documentos. Neste 1Credibilidade de um documento arquivístico enquanto uma afirmação do fato. Existe quando um documento arquivístico pode sustentar o fato ao qual se refere, e é estabelecida pelo exame da completeza, da forma do documento e do grau de controle exercido no processo de sua produção (Arquivo Nacional, 2020, p. 18).2Conforme “Relação Orgânica” (Conarq, 2020, p. 36.)
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 6sentido, a gestão de documentos é vista como um conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento de documentos em fase corrente e intermediária, visando sua eliminação ou recolhimento. Indolfo (2007) ainda reflete sobre as abordagens e a evolução do conceito de gestão de documentos ao longo do tempo, considerando aspectos como eficiência operacional, preservação da informação, benefícios culturais e adaptação às mudanças tecnológicas. Na Arquivologia, a gestão de documentos desempenha um papel central e fundamental por diversos motivos, dentre eles podemos citar a preservação da memória, através da gestão adequada de documentos garante a preservação da história institucional e, permitindo o acesso a informações importantes no futuro, e a busca por garantir a eficácia nas operações, desde a criação até a destinação final dos documentos, contribuindo para o bom funcionamento das organizações. A gestão de documentospermite um controle sistemático e administrativo dos documentos ao longo de seu ciclo de vida, assegurando eficiência e economia na sua criação, uso, manuseio, controle, manutenção e destinação.Sendo assim, as fotografias produzidas pelos repórteres fotográficos, estão sujeitas a aplicações do ciclo de vida. Entretanto, há especificidades que encontramos no fluxo de trabalho dos fotojornalistas. Quando se trata da fase de produção dos documentos fotográficos digitais, Quando se realiza um ensaio fotográfico posado —ou mesmo quando se produzem muitas fotografias sobre um fato —hard News,3os fotojornalistas não inserem todas as fotografias que foram geradas no DAM. Já na produção, os fotógrafos realizam uma seleção das melhores fotos produzidas para a pauta, para aí então enviar para o repositório, logo após inserir os metadados necessários. Então, em um primeiro momento, o fotojornalista não se preocupa com o controle eficaz da criação de documentos fotográficos digitais, já que essa racionalização poderia custar perder o momento decisivo4para uma boa fotografia. Diante disso, os documentos fotográficos digitais são produzidos conscientemente além do necessário. Foi assim quando o suporte era analógico, em filmes de 35 mm, em escala menor; no digital a escala de produção não tem os limites técnicos do analógico (quantidade de fotogramas do filme). Contudo, há além do ato fotográfico, uma prática no fotojornalismo digital em que toda sua produção passará por um processo de seleção realizado pelo próprio fotógrafo, quais documentos fotográficos digitais serão efetivamente aproveitados e assim, enviados para o repositório no DAM. Esse processo é conhecido como pré-edição5, e os fotojornalistas gozam de autonomia para realizá-lo.3Notícia e precisa, factual, que não carece de interpretação e que, por isso, pode ser julgada objetivamente (Neiva, 2013, p. 262).4Considerado o criador do termo em análise, o fotógrafo Henri Cartier-Bresson escreveu em 1952 um artigo intitulado “Momento decisivo”, no qual define fotografia como sendo o reconhecimento simultâneo, numa fração de segundo, da significância de um acontecimento, bem como, de uma organização precisa de formas que dão a esse acontecimento sua expressão adequada(Maia, 2012, p. 8).5Em conformidade ao Manual de Comunicação da Secom, a pré-edição corresponde ao trabalho prévio no que se refere à seleção de mídias sonoras e visuais. Disponível em: http://www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/glossario/pre-edicao. Acesso em: 5fev. 2024.
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 7Dentro do processo de gestão de documentos, dois procedimentos são especialmente críticos, pois os demais dependem deles: a classificação e a avaliação de documentos. A classificação é crucial para todas as atividades subsequentes de controle. A classificação e a avaliação dos documentos são atividades fundamentais na gestão de documentos, garantindo o controle eficiente e a racionalização da produção documental.A avaliação de documentos desempenha então um papel fundamental na arquivística e deve ser fruto de reflexão no fluxo de trabalhos sob o contexto fotográfico digital. A avaliação do documento fotográfico digital na prática do fotojornalismo, onde se tomam decisões sobre o que vai ou não se preservar, encontra-se nas mãos do fotógrafo, pois é justamente em seu ato de pré-edição que as fotografias ganham destino final e serão enviadas para o DAM com prazos de guarda permanente. Em pesquisa realizada com os fotojornalistas do Jornal O Globo, identificou-se que nenhum dos profissionais em questão enviam 100% das fotografias que são produzidas; sendo 42,9% (6 profissionais) enviam até 20% do que produzem e 57,1% (8 profissionais) enviam entre 20% e 40%, o que evidencia ainda mais que a seleção e a avaliação dos documentos fotográficos digitais produzidos ficam a cargo do próprio produtor. Geralmente, o processo de avaliação de documentos é baseado em valores atribuídos aos documentos, que podem ser de natureza administrativa, legal, fiscal ou cultural. No caso dofotojornalismo, é feita uma seleção que passa pelo caráter estético e informacional, ou seja, da fotografia que tem o momento decisivo ou atributos para dar suporte a narrativa jornalística.A avaliação também depende do conhecimento das competências atribuídas às áreas e das atividades que justificam a tipologia documental produzida para a correta atribuição de valores, prazos de retenção e guarda dos documentos. Da mesma forma, a organizaçãoe a descrição dependem do conhecimento de um conjunto de elementos, tais como: órgão produtor, competências, funções e atividades (Rodrigues, 2008, p. 203-209 apud Mariz;Vieira, 2020). O conhecimento dos elementos característicos de um documento arquivístico, bem como as diversas classificações dos arquivos e dos documentos, constitui uma primeira etapa de sua identificação, organização, armazenamento e acesso, entre outros aspectos. Esse conhecimento auxilia na sua contextualização, perpassando o conjuntode práticas arquivísticas aplicadas no decorrer de seu ciclo de vida. (Mariz;Vieira, 2020, p 22).Portanto, ao nos debruçarmos sobre as atividades de produção do fotógrafo de uma empresa jornalística, gerando o documento fotográfico digital, devemos refletir acerca das competências atribuídas na área do fotojornalismo, e como ficará evidente no estudo de caso, o fotógrafo tem uma responsabilidade no ciclo de vida, pois a ele serão atribuídas necessariamente duas atividades em que a competência arquivística implicará numa melhor gestão e recuperação do documento fotográfico digital: a seleção e a identificação dos arquivos.
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 82.3 Preservação e gestão de documentos arquivísticos digitaisA preservação documental na Arquivologia concentrou-se na proteção do documento como um todo, visando garantir sua longevidade e acesso contínuo. Este aspecto da preservação envolve uma variedade de medidas, desde o armazenamento adequado dos documentos até a utilização de técnicas de conservação para prevenir danos físicos ou ambientais. Para o documento digital surge uma nova demanda, em que a preservação também envolve a implementação de políticas como, por exemplo, a de migração de formatos, garantindo assim a acessibilidade e a integridade dos documentos ao longo do tempo.Se por um lado a conservação documental preocupou-se ao longo da história com ações específicas dentro do guarda-chuva maior da preservação, destinadas a minimizar a degradação dos documentos e prevenir danos futuros, no contexto do documento digital, a conservação também pode envolver a implementação de medidas de segurança cibernética para proteger contra ameaças que possam comprometer a integridade dos documentos.Por isso, a abordagem clássica de preservação de documentos possibilita ampliar a compreensão para aplicar o conceito ao documento arquivístico digital. A preservação digital, portanto, apresenta-se então como um conjunto de estratégias, políticas e práticas adotadas para garantir a integridade, autenticidade, acessibilidade e usabilidade a longo prazo de documentos e informações armazenados em formato digital. A preservação digital envolve a aplicação de técnicas e procedimentos específicos para proteger os dados digitais da obsolescência tecnológica, da deterioração dos suportes físicos e da perda de informações no decorrer do tempo. Essa prática inclui o controle sobre formatos de arquivos, a realização de backupsregulares, a implementação de metadados para garantir a identificação e a contextualização dos documentos, a adoção de padrões de preservação e a criação de políticas institucionais para orientar as ações de preservação, sendo esse último ponto importantíssimo para o objetivo desta pesquisa.A preservação tradicional, voltada para o aspecto físico, emprega técnicas de restauração e conservação, minimizando os riscos de degradação material. Seu foco é resguardar registros da memória de grupos sociais, de instituições ou individuais. Em contraste, a preservação digital tenta, em última instância, garantir a integridade intelectual vinculada ao documento, registrando as modificações que o conteúdo possa sofrer com o tempo, tendo em vista, também, filtrar a possibilidade de alterações não autorizadas do objeto digital em sua condição de fácil reprodutibilidade técnica (Márdero Arellano; Tavares, 2015, p. 32). A preservação digital é essencial para garantir a continuidade e acessibilidade das informações digitais para as gerações futuras. Neste sentido, a preservação digital enquanto tema dos estudos arquivísticosserá usada para entender quais recomendações se farão necessárias para garantir uma cadeia de custódia eficiente, levando-se em conta a realidade dos recursos já disponíveis para o marco empírico e o contexto de produção.
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 9Rocco (2021, p. 80) aborda os aspectos da preservação digital, orientando sobre a autonomia em relação a softwarese hardwares, migração de mídias, gestão de documentos digitais e a importância de incorporar estratégias de preservação em uma política geral.Esses mandamentos da preservação digital têm o propósito de orientar os produtores e preservadores de documentos em ambiente digital a(i) buscarem autonomia quanto aos softwares e hardwares,optando pela utilização de softwares livres, hardwares maduros e em abundância no mercado; (ii) a procederem à migração das mídias e à atualização dos formatos quando necessários; (iii) empreenderem duplicações de dados, de backups (cópias de segurança); (iv) a implementarem a gestão dos documentos digitais adequadamente; efetivarem ações que mantenham a autenticidade, fidedignidade e acesso aos documentos; e, especialmente, (v) a incorporarem todas as estratégias e ações de preservação a uma política geral de preservação que preveja mais que tecnologias (Rocco, 2021, p. 80).Há de se destacar possíveis desafios no caminho da preservação digital, como a necessidade de soluções personalizadas para cada tipo de suporte, gênero e formato de documento, e a importância de uma política de preservação com monitoramento contínuo, o queparece ser o caso da fotografia digital no contexto de fotografia digital, especialmente na fotografia digital no âmbito de uma empresa jornalística.A preservação dos documentos em ambiente digital, no tocante à variável técnica, é desafiadora e complexa em virtude de todos os aspectos apresentados nesta subseção. Desse modo, é relevante salientar que não existem soluções técnicas prontas que sirvam demodelo único para executar a preservação digital: será necessário desenvolver uma solução nova ou customizar as soluções exigidas para cada suporte, gênero e formato. Nessa perspectiva, nenhum procedimento dá conta da preservação como um todo, sendo necessário integrar diversos procedimentos para satisfazer as necessidades e casos específicos dos documentos e do organismo/indivíduo responsável pela sua preservação. Além disso, uma política de preservação deve contemplar monitoramento contínuo dos documentos em ambiente digital para acompanhar qualquer necessidade de intervenção (Rocco, 2021, p. 86).O conceito de gestão de documentos foi moldado por uma abordagem pragmática e orientada para a eficiência, que enfatizava a importância da gestão de documentos para facilitar o acesso e a recuperação de informações, bem como para garantir a conformidade com as regulamentações legais e políticas internas. No entanto, ao ser inserido em diferentes contextos, o conceito em questão deparou-se com novos desafios contextuais. Além disso, a era digital dos arquivos trouxe consigo desafios adicionais para a gestão de documentos. O aumento do volume de circulação de informação eletrônica trouxe a necessidade de gestão eficiente, exigindo novas estratégias e tecnologias voltadas à preservação. Questões como a preservação digital, a segurança da informação e a gestão de documentos eletrônicos foram pulsantes nos estudos arquivísticos no início do século XXI e fundamentais para inserir a Arquivologia na era digital. Silva (1998, p. 9) vai além, referindo-se à preservação como a soma de esforços que engloba todas as etapas de proteção do documento arquivístico. Isso
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 10enfatiza a preservação como um processo holístico, que abarca todas as fases e aspectos da proteção de documentos. Rocco (2021, p. 60) aborda a gestão e preservação de documentos em ambiente digital, destacando seus desafios, pontos fortes e fracos. Ela observa a gestão e preservação de documentos em ambiente digital considerando as diversas perspectivas, tais como política, social e técnica. Além disso, sua pesquisa envolve as relações dos documentos digitais com a memória social. Esse pensamento está em consonância com o descrito no Glossário Documentos Arquivísticos Digitais do CONARQ, o qual expõe que a preservação digital corresponde a um “conjunto de ações gerenciais e técnicas exigidas para superar as mudanças tecnológicas e afragilidade dos suportes, garantindo o acesso e a interpretação de documentos digitais pelo tempo que for necessário” (Conarq, 2020, p. 39).É importante reconhecer que repositórios digitais são importantíssimos na preservação digital, permitindo manter os formatos de arquivos atualizados, facilitando a inserção de metadados e oferecendo outras possibilidades de uso, indo além da visão técnica para se tornar um aliado na produção e gestão de conhecimento. Os repositórios digitais são fundamentais para reunir, preservar, dar acesso e disseminar o conhecimento de uma instituição ou área do conhecimento, contribuindo para a gestão do conhecimento científico. Debruçando-se sobre a necessidade dos repositórios arquivísticos digitais confiáveis no contexto atual, O CONARQ elaborou, através da Resolução nº 51 de 25 agosto de 2023, as Diretrizes para Implementação de Repositório Arquivísticos Digitais Confiáveis (RDC-Arq), que tem como objetivo a gestão desde a captura até o armazenamento, preservação e acesso aos documentos digitais.Para entender o RDC-Arq, é preciso ter em mente que os arquivos em formato digital precisam seguir as mesmas regras e cuidados relativos aos arquivos físicos. Isso significaum sistema de gestão que garanta a preservação dos documentos pelo tempo estabelecido na Tabela de Temporalidade e Destinação de Documentos.Apesar das fotografias não estarem contempladas na Tabela de Temporalidade do jornal, isto é o que preconiza a teoria arquivística, bem como o acesso às informações sempre que necessário. Por isso,o CONARQ define assim o repositório digital no supramencionado documento por ele elaborado:Repositório digital é um ambiente de armazenamento e gerenciamento de materiais digitais. Esse ambiente constitui-se de uma solução informatizada em que os materiais são capturados, armazenados, preservados e acessados. Um repositório digital é, então, um complexo que apoia o gerenciamento dos materiais digitais, pelo tempo que for necessário, e é formado por elementos de hardware, software e metadados, bem como por uma infraestrutura organizacional e procedimentos normativos e técnicos (Conarq, 2023). Pelo fato dos documentos fotográficos digitais se apresentarem como desafios para as organizações no que diz respeito a preservação e acesso a longo prazo, dentro da perspectiva de gestão e preservação há de se garantir a autenticidade e
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 2LICENÇA DE USOOs autores cedem àRevista Brasileira de Preservação Digitalos direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution(CC BY) 4.0 International. Estra licença permite que terceirosremixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico. Os autorestêm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.PUBLISHERSUniversidade Estadual de Campinas –Sistema de Bibliotecas / Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia –Rede Brasileira de Serviços de Preservação Digital –Cariniana.As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.EDITORES Gildenir Carolino Santos, Miguel Angel Márdero Arellano. CREDITReconhecimentos: Não aplicável.Financiamento: Não aplicável.Conflitos de interesse: Os autores certificam que não têm interesse comercial ou associativo que represente um conflito de interesses em relação ao manuscrito.Aprovação de ética: Não aplicável.Disponibilidade de dados e material: Não aplicável.Contribuições dos autores: Conceitualização; Investigação; Metodologia; Administração do projeto; TAVARES, L. M.; Escrita –rascunho original; Escrita –revisão & edição: TAVARES, L. M.; MARIZ, A. C. A.; SIQUEIRA, M.N. de.ODS:9. Inovação e infraestruturaSubmetido em: 27/01/2025–Aceito em: 16/03/2025–Publicado em: 10/07/2025
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 4arquivístico não é apenas uma fonte de informação, mas também um elemento essencial para a compreensão e preservação da memória institucional e cultural.Rondinelli (2014, p. 235) reconhece a complexidade e a profundidade envolvida na compreensão amplificada de classificação de documentos arquivísticos aplicada a várias vertentes de suporte documental, salientando, entretanto, a importância de considerar tanto a sua natureza e origem quanto a sua integração e relação com outros documentos dentro de um sistema arquivístico. Por isso, fotografias produzidas por fotojornalistas em um contexto de empresa de mídia, relacionados a outros documentos dentro de um Digital Asset Management(DAM), podem ser perfeitamente entendidas nessa perspectiva. Ao tratar das ideias centrais sobre o conceito de documento arquivístico, conceitos fundamentais no campo da Arquivologia devem ser observados, focando especificamente nas características e natureza dos documentos arquivísticos. Daí a necessidade de se caracterizar fotografias produzidas pelos fotojornalistas.Neste ponto, a análise de Rondinelli (2014, p. 225-230) concentra-se em duas questões principais. A primeira é a natureza do documento arquivístico em relação às entidades (pessoas físicas ou jurídicas) que o produzem e a organicidade como uma característica intrínseca desses documentos. No que diz respeito à natureza do documento arquivístico, refere-se à origem e constituição dos documentos arquivísticos. A conexão entre o documento e a entidade que o produz para a autora é vital para entender sua natureza. A segunda questão é a organicidade como uma das características centrais do documento arquivístico, conforme identificado nos trabalhos de vários autores apresentados pela autora mencionada. Essa característica refere-se à maneira como os documentos sãointegrados e relacionados entre si dentro de um arquivo. Sobre o documento arquivístico digital, é importante dizer que o documento não apenas existe em formato digital, mas também é gerado, transmitido e conservado através de processos computacionais. Ao compreender essas definições, profissionais das áreas podem aplicar práticas apropriadas para a gestão e preservação de documentos arquivísticos em suas variadas formas e ao que nos interessa nesta pesquisa, especificamente à fotografia, tratando-a como um documento arquivístico, e no caso da fotografia digital,como um documento arquivístico digital.O documento arquivístico digital é um documento, isto é, “uma unidade indivisível de informação constituída por uma mensagem fixada num suporte (registrada), com uma sintática estável”, “produzido e/ou recebido por uma pessoa física ou jurídica, no decorrer das suas atividades”, “codificado em dígitos binários e interpretável por um sistema computacional”, em suporte magnético, óptico ou outro (Rondinelli, 2014, p. 235).Umavez que o documento é criado e salvo, sua apresentação visual, layoute qualquer outro aspecto de formatação devem permanecer inalterados ao longo do tempo. O “conteúdo estável”, por sua vez, assegura que a informação contida no documento permanece constante e imutável após sua criação inicial. Esta
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 5característica é crucial para garantir a confiabilidade1do documento como um registro fidedigno. Vale aqui destacar que é o que justamente se espera que aconteça na cadeia de custódia de fotografias no contexto do fotojornalismo.No contexto dos documentos fotográficos digitais, as relações entre eles são essenciais para compreender suas funções e atividades. Ao contrário da coleta artificial, essas conexões são orgânicas2e são estabelecidas por meio de registros, planos de classificação ou sistemas de arquivamento. A preservação dessas relações é crucial para garantir a integridade e a autenticidade dos documentos digitais ao longo do tempo.Isso ajuda a compreender o documento dentro de um contexto maior, contribuindo para o seu entendimento e interpretação histórica e administrativa. Novamente, esse é um aspecto importante no contexto do fotojornalismo e que irá corroborar diretamente com osobjetivos buscados por essa pesquisa. O “contexto de identificação” talvez seja o fator que mais representará um gargalo na cadeia de custódia relacionada à produção dos fotojornalistas. Essa característica, que é a capacidade de identificar o contexto no qual um documento foi criado, transmitido e recebido é fundamental, mas por vezes é negligenciado por motivos que este estudo pretende levantar. No contexto do fotojornalismo digital, isso pode envolver metadados que registram detalhes da fotografia.Rondinelli (2014, p. 236) trata ainda da importância de cinco figuras no contexto de um documento arquivístico: autor, redator, destinatário, originador e produtor. Esses papéis são essenciais para compreender a gênese, a finalidade e a transmissão do documento. Enquanto o autor é quem concebe o documento, o redator é a pessoa que fisicamente o compõe. O destinatário é a pessoa ou entidade a quem o documento é dirigido. O originador é a pessoa ou entidade que dá origem ao documento, e o produtor é quem criaou gera o documento. É importante notar que, para um documento ser considerado arquivístico, pelo menos o autor, o redator e o destinatário devem estar presentes. Sendo assim, a pesquisa investigou como essa perspectiva pode ser aplicada à cadeia de custódia das fotografias digitais produzidas pelos fotojornalistas.2.2 Aspectos da gestão de documentos aplicados ao documento fotográfico digitalAo fazer uma análise epistemológica, Indolfo (2007, p. 40) trata a gestão de documentos sobre a perspectiva da busca por alcançar economia e eficiência na criação, manutenção, uso e eliminação de documentos durante seu ciclo de vida. Também é descrita comoo campo da gestão responsável pelo controle eficiente e sistemático da criação, manutenção, uso e destinação dos documentos. Neste 1Credibilidade de um documento arquivístico enquanto uma afirmação do fato. Existe quando um documento arquivístico pode sustentar o fato ao qual se refere, e é estabelecida pelo exame da completeza, da forma do documento e do grau de controle exercido no processo de sua produção (Arquivo Nacional, 2020, p. 18).2Conforme “Relação Orgânica” (Conarq, 2020, p. 36.)
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 6sentido, a gestão de documentos é vista como um conjunto de procedimentos e operações técnicas referentes à produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento de documentos em fase corrente e intermediária, visando sua eliminação ou recolhimento. Indolfo (2007) ainda reflete sobre as abordagens e a evolução do conceito de gestão de documentos ao longo do tempo, considerando aspectos como eficiência operacional, preservação da informação, benefícios culturais e adaptação às mudanças tecnológicas. Na Arquivologia, a gestão de documentos desempenha um papel central e fundamental por diversos motivos, dentre eles podemos citar a preservação da memória, através da gestão adequada de documentos garante a preservação da história institucional e, permitindo o acesso a informações importantes no futuro, e a busca por garantir a eficácia nas operações, desde a criação até a destinação final dos documentos, contribuindo para o bom funcionamento das organizações. A gestão de documentospermite um controle sistemático e administrativo dos documentos ao longo de seu ciclo de vida, assegurando eficiência e economia na sua criação, uso, manuseio, controle, manutenção e destinação.Sendo assim, as fotografias produzidas pelos repórteres fotográficos, estão sujeitas a aplicações do ciclo de vida. Entretanto, há especificidades que encontramos no fluxo de trabalho dos fotojornalistas. Quando se trata da fase de produção dos documentos fotográficos digitais, Quando se realiza um ensaio fotográfico posado —ou mesmo quando se produzem muitas fotografias sobre um fato —hard News,3os fotojornalistas não inserem todas as fotografias que foram geradas no DAM. Já na produção, os fotógrafos realizam uma seleção das melhores fotos produzidas para a pauta, para aí então enviar para o repositório, logo após inserir os metadados necessários. Então, em um primeiro momento, o fotojornalista não se preocupa com o controle eficaz da criação de documentos fotográficos digitais, já que essa racionalização poderia custar perder o momento decisivo4para uma boa fotografia. Diante disso, os documentos fotográficos digitais são produzidos conscientemente além do necessário. Foi assim quando o suporte era analógico, em filmes de 35 mm, em escala menor; no digital a escala de produção não tem os limites técnicos do analógico (quantidade de fotogramas do filme). Contudo, há além do ato fotográfico, uma prática no fotojornalismo digital em que toda sua produção passará por um processo de seleção realizado pelo próprio fotógrafo, quais documentos fotográficos digitais serão efetivamente aproveitados e assim, enviados para o repositório no DAM. Esse processo é conhecido como pré-edição5, e os fotojornalistas gozam de autonomia para realizá-lo.3Notícia e precisa, factual, que não carece de interpretação e que, por isso, pode ser julgada objetivamente (Neiva, 2013, p. 262).4Considerado o criador do termo em análise, o fotógrafo Henri Cartier-Bresson escreveu em 1952 um artigo intitulado “Momento decisivo”, no qual define fotografia como sendo o reconhecimento simultâneo, numa fração de segundo, da significância de um acontecimento, bem como, de uma organização precisa de formas que dão a esse acontecimento sua expressão adequada(Maia, 2012, p. 8).5Em conformidade ao Manual de Comunicação da Secom, a pré-edição corresponde ao trabalho prévio no que se refere à seleção de mídias sonoras e visuais. Disponível em: http://www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/glossario/pre-edicao. Acesso em: 5fev. 2024.
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 7Dentro do processo de gestão de documentos, dois procedimentos são especialmente críticos, pois os demais dependem deles: a classificação e a avaliação de documentos. A classificação é crucial para todas as atividades subsequentes de controle. A classificação e a avaliação dos documentos são atividades fundamentais na gestão de documentos, garantindo o controle eficiente e a racionalização da produção documental.A avaliação de documentos desempenha então um papel fundamental na arquivística e deve ser fruto de reflexão no fluxo de trabalhos sob o contexto fotográfico digital. A avaliação do documento fotográfico digital na prática do fotojornalismo, onde se tomam decisões sobre o que vai ou não se preservar, encontra-se nas mãos do fotógrafo, pois é justamente em seu ato de pré-edição que as fotografias ganham destino final e serão enviadas para o DAM com prazos de guarda permanente. Em pesquisa realizada com os fotojornalistas do Jornal O Globo, identificou-se que nenhum dos profissionais em questão enviam 100% das fotografias que são produzidas; sendo 42,9% (6 profissionais) enviam até 20% do que produzem e 57,1% (8 profissionais) enviam entre 20% e 40%, o que evidencia ainda mais que a seleção e a avaliação dos documentos fotográficos digitais produzidos ficam a cargo do próprio produtor. Geralmente, o processo de avaliação de documentos é baseado em valores atribuídos aos documentos, que podem ser de natureza administrativa, legal, fiscal ou cultural. No caso dofotojornalismo, é feita uma seleção que passa pelo caráter estético e informacional, ou seja, da fotografia que tem o momento decisivo ou atributos para dar suporte a narrativa jornalística.A avaliação também depende do conhecimento das competências atribuídas às áreas e das atividades que justificam a tipologia documental produzida para a correta atribuição de valores, prazos de retenção e guarda dos documentos. Da mesma forma, a organizaçãoe a descrição dependem do conhecimento de um conjunto de elementos, tais como: órgão produtor, competências, funções e atividades (Rodrigues, 2008, p. 203-209 apud Mariz;Vieira, 2020). O conhecimento dos elementos característicos de um documento arquivístico, bem como as diversas classificações dos arquivos e dos documentos, constitui uma primeira etapa de sua identificação, organização, armazenamento e acesso, entre outros aspectos. Esse conhecimento auxilia na sua contextualização, perpassando o conjuntode práticas arquivísticas aplicadas no decorrer de seu ciclo de vida. (Mariz;Vieira, 2020, p 22).Portanto, ao nos debruçarmos sobre as atividades de produção do fotógrafo de uma empresa jornalística, gerando o documento fotográfico digital, devemos refletir acerca das competências atribuídas na área do fotojornalismo, e como ficará evidente no estudo de caso, o fotógrafo tem uma responsabilidade no ciclo de vida, pois a ele serão atribuídas necessariamente duas atividades em que a competência arquivística implicará numa melhor gestão e recuperação do documento fotográfico digital: a seleção e a identificação dos arquivos.
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 82.3 Preservação e gestão de documentos arquivísticos digitaisA preservação documental na Arquivologia concentrou-se na proteção do documento como um todo, visando garantir sua longevidade e acesso contínuo. Este aspecto da preservação envolve uma variedade de medidas, desde o armazenamento adequado dos documentos até a utilização de técnicas de conservação para prevenir danos físicos ou ambientais. Para o documento digital surge uma nova demanda, em que a preservação também envolve a implementação de políticas como, por exemplo, a de migração de formatos, garantindo assim a acessibilidade e a integridade dos documentos ao longo do tempo.Se por um lado a conservação documental preocupou-se ao longo da história com ações específicas dentro do guarda-chuva maior da preservação, destinadas a minimizar a degradação dos documentos e prevenir danos futuros, no contexto do documento digital, a conservação também pode envolver a implementação de medidas de segurança cibernética para proteger contra ameaças que possam comprometer a integridade dos documentos.Por isso, a abordagem clássica de preservação de documentos possibilita ampliar a compreensão para aplicar o conceito ao documento arquivístico digital. A preservação digital, portanto, apresenta-se então como um conjunto de estratégias, políticas e práticas adotadas para garantir a integridade, autenticidade, acessibilidade e usabilidade a longo prazo de documentos e informações armazenados em formato digital. A preservação digital envolve a aplicação de técnicas e procedimentos específicos para proteger os dados digitais da obsolescência tecnológica, da deterioração dos suportes físicos e da perda de informações no decorrer do tempo. Essa prática inclui o controle sobre formatos de arquivos, a realização de backupsregulares, a implementação de metadados para garantir a identificação e a contextualização dos documentos, a adoção de padrões de preservação e a criação de políticas institucionais para orientar as ações de preservação, sendo esse último ponto importantíssimo para o objetivo desta pesquisa.A preservação tradicional, voltada para o aspecto físico, emprega técnicas de restauração e conservação, minimizando os riscos de degradação material. Seu foco é resguardar registros da memória de grupos sociais, de instituições ou individuais. Em contraste, a preservação digital tenta, em última instância, garantir a integridade intelectual vinculada ao documento, registrando as modificações que o conteúdo possa sofrer com o tempo, tendo em vista, também, filtrar a possibilidade de alterações não autorizadas do objeto digital em sua condição de fácil reprodutibilidade técnica (Márdero Arellano; Tavares, 2015, p. 32). A preservação digital é essencial para garantir a continuidade e acessibilidade das informações digitais para as gerações futuras. Neste sentido, a preservação digital enquanto tema dos estudos arquivísticosserá usada para entender quais recomendações se farão necessárias para garantir uma cadeia de custódia eficiente, levando-se em conta a realidade dos recursos já disponíveis para o marco empírico e o contexto de produção.
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 9Rocco (2021, p. 80) aborda os aspectos da preservação digital, orientando sobre a autonomia em relação a softwarese hardwares, migração de mídias, gestão de documentos digitais e a importância de incorporar estratégias de preservação em uma política geral.Esses mandamentos da preservação digital têm o propósito de orientar os produtores e preservadores de documentos em ambiente digital a(i) buscarem autonomia quanto aos softwares e hardwares,optando pela utilização de softwares livres, hardwares maduros e em abundância no mercado; (ii) a procederem à migração das mídias e à atualização dos formatos quando necessários; (iii) empreenderem duplicações de dados, de backups (cópias de segurança); (iv) a implementarem a gestão dos documentos digitais adequadamente; efetivarem ações que mantenham a autenticidade, fidedignidade e acesso aos documentos; e, especialmente, (v) a incorporarem todas as estratégias e ações de preservação a uma política geral de preservação que preveja mais que tecnologias (Rocco, 2021, p. 80).Há de se destacar possíveis desafios no caminho da preservação digital, como a necessidade de soluções personalizadas para cada tipo de suporte, gênero e formato de documento, e a importância de uma política de preservação com monitoramento contínuo, o queparece ser o caso da fotografia digital no contexto de fotografia digital, especialmente na fotografia digital no âmbito de uma empresa jornalística.A preservação dos documentos em ambiente digital, no tocante à variável técnica, é desafiadora e complexa em virtude de todos os aspectos apresentados nesta subseção. Desse modo, é relevante salientar que não existem soluções técnicas prontas que sirvam demodelo único para executar a preservação digital: será necessário desenvolver uma solução nova ou customizar as soluções exigidas para cada suporte, gênero e formato. Nessa perspectiva, nenhum procedimento dá conta da preservação como um todo, sendo necessário integrar diversos procedimentos para satisfazer as necessidades e casos específicos dos documentos e do organismo/indivíduo responsável pela sua preservação. Além disso, uma política de preservação deve contemplar monitoramento contínuo dos documentos em ambiente digital para acompanhar qualquer necessidade de intervenção (Rocco, 2021, p. 86).O conceito de gestão de documentos foi moldado por uma abordagem pragmática e orientada para a eficiência, que enfatizava a importância da gestão de documentos para facilitar o acesso e a recuperação de informações, bem como para garantir a conformidade com as regulamentações legais e políticas internas. No entanto, ao ser inserido em diferentes contextos, o conceito em questão deparou-se com novos desafios contextuais. Além disso, a era digital dos arquivos trouxe consigo desafios adicionais para a gestão de documentos. O aumento do volume de circulação de informação eletrônica trouxe a necessidade de gestão eficiente, exigindo novas estratégias e tecnologias voltadas à preservação. Questões como a preservação digital, a segurança da informação e a gestão de documentos eletrônicos foram pulsantes nos estudos arquivísticos no início do século XXI e fundamentais para inserir a Arquivologia na era digital. Silva (1998, p. 9) vai além, referindo-se à preservação como a soma de esforços que engloba todas as etapas de proteção do documento arquivístico. Isso
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 10enfatiza a preservação como um processo holístico, que abarca todas as fases e aspectos da proteção de documentos. Rocco (2021, p. 60) aborda a gestão e preservação de documentos em ambiente digital, destacando seus desafios, pontos fortes e fracos. Ela observa a gestão e preservação de documentos em ambiente digital considerando as diversas perspectivas, tais como política, social e técnica. Além disso, sua pesquisa envolve as relações dos documentos digitais com a memória social. Esse pensamento está em consonância com o descrito no Glossário Documentos Arquivísticos Digitais do CONARQ, o qual expõe que a preservação digital corresponde a um “conjunto de ações gerenciais e técnicas exigidas para superar as mudanças tecnológicas e afragilidade dos suportes, garantindo o acesso e a interpretação de documentos digitais pelo tempo que for necessário” (Conarq, 2020, p. 39).É importante reconhecer que repositórios digitais são importantíssimos na preservação digital, permitindo manter os formatos de arquivos atualizados, facilitando a inserção de metadados e oferecendo outras possibilidades de uso, indo além da visão técnica para se tornar um aliado na produção e gestão de conhecimento. Os repositórios digitais são fundamentais para reunir, preservar, dar acesso e disseminar o conhecimento de uma instituição ou área do conhecimento, contribuindo para a gestão do conhecimento científico. Debruçando-se sobre a necessidade dos repositórios arquivísticos digitais confiáveis no contexto atual, O CONARQ elaborou, através da Resolução nº 51 de 25 agosto de 2023, as Diretrizes para Implementação de Repositório Arquivísticos Digitais Confiáveis (RDC-Arq), que tem como objetivo a gestão desde a captura até o armazenamento, preservação e acesso aos documentos digitais.Para entender o RDC-Arq, é preciso ter em mente que os arquivos em formato digital precisam seguir as mesmas regras e cuidados relativos aos arquivos físicos. Isso significaum sistema de gestão que garanta a preservação dos documentos pelo tempo estabelecido na Tabela de Temporalidade e Destinação de Documentos.Apesar das fotografias não estarem contempladas na Tabela de Temporalidade do jornal, isto é o que preconiza a teoria arquivística, bem como o acesso às informações sempre que necessário. Por isso,o CONARQ define assim o repositório digital no supramencionado documento por ele elaborado:Repositório digital é um ambiente de armazenamento e gerenciamento de materiais digitais. Esse ambiente constitui-se de uma solução informatizada em que os materiais são capturados, armazenados, preservados e acessados. Um repositório digital é, então, um complexo que apoia o gerenciamento dos materiais digitais, pelo tempo que for necessário, e é formado por elementos de hardware, software e metadados, bem como por uma infraestrutura organizacional e procedimentos normativos e técnicos (Conarq, 2023). Pelo fato dos documentos fotográficos digitais se apresentarem como desafios para as organizações no que diz respeito a preservação e acesso a longo prazo, dentro da perspectiva de gestão e preservação há de se garantir a autenticidade e
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 19Figura 4.Pacote de informações:análise dos pacotes de dados e pacote de armazenamento no DAM/CHPFonte: Elaborado pelos autores em fev. 2024 com base no RDC-Arq (Conarq, 2023) e na documentação técnica do DAM/CHP (OpenText, 2024).No RDC-Arq, o pacote de dados refere-se aos dados em si, e o pacote de armazenamento está mais relacionado à organização e estruturação dos dados para armazenamento, enquanto o pacote de informação engloba os dados, metadados e informações necessárias parapreservação e gestão eficaz dos dados digitais. Os metadados semânticos tem a função de realizar a integração dos dados e dos arquivos nos repositórios do CHP. Os metadados de preservação estão ligados aos arquivos dentro do pacote de armazenamento. A compreensão torna-se mais facilitada quando visualmente percebemos a estrutura proposta conforme Figura 4.Um aspecto importante é a garantia da integridade e autenticidade dos documentos digitais, que inclui mecanismos para verificar a integridade dos pacotes de dados e de arquivamento, garantindo que os documentos digitais não tenham sido alterados na exportação e distribuição. Sendo assim, os pacotes de dados e de arquivamento podem ser facilmente transferidos entre diferentes sistemas e locais de armazenamento, mantendo a estrutura e a integridade dos documentos digitais relacionados ao pacote de dados no DAM/CHP.É com base no pacote de dados que o DAM/CHP realiza a gestão de dados, a qual, conforme informa Rocha (2020, p. 104), “gerencia as informações descritivas e administrativas a respeito dos objetos digitais no repositório”. Estão presentes na gestão de dados, além dos aspectos de controles de acesso, perfis de usuários (autoridade), informações de uso, relatórios de fluxo de trabalhos, gestão dos metadados semânticos, dentre outros.Esse aspecto não é só importante para o processo editorial, mas fundamental para o “syndication”, onde a Agência O Globo realiza esse papel, que é o de licenciamento do conteúdo. A agência pode realizar o licenciamento de todo o pacote gerado ou partes deles. Vemos a comparação aqui do exemplo abordado pelo RDC-Arq e um pacote simulado em ação para licenciamento (difusão) de conteúdo realizado pela Agência O Globo.
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 20Figura 5.Exemplo de um BagIt bag contentes do RDC-Arq e DAM-CHPFonte:Elaborado pelos autores em fev. 2024.No exemplo da Figura5, vemos que o DAM/CHP segue os parâmetros estabelecidos pelo RDC-Arq para elaboração de pacotes de dados e arquivamento. É importante salientar que o gerenciamento desse pacote de dados só é possível, no caso do DAM/CHP, se os parâmetros de criação do pacote de arquivamento descritos no RDC-Arq (Conarq, 2023, p. 41) forem seguidos na admissão do documento digital na plataforma.O repositório deve completar o processo de admissão criando um pacote de informação apropriado para arquivamento (AIP), com toda a informação recebida do produtor. A fim de garantir que o pacote de informação recebido do produtor, e verificado pelo repositório, seja convertido para o formato de arquivamento (AIP) e armazenado para preservação de longo prazo (Conarq, 2023, p. 39).Do ponto de vista da preservação digital, o CHP/DAM, em sua documentação (OpenText, 2024), prevê estratégias para a guarda permanente dos arquivos digitais, mantendo sua integralidade. Dentre as recomendações fornecidas pelo RDC-Arq (Conarq2023), encontramos mecanismos de monitoramento e obsolescência de informações de representação para todos os arquivos suportados na plataforma. Foi identificado que há outra premissa observada, que é a documentação de controle de acessos, edições e eliminação de documentos digitais, através de logs9armazenados e integrados ao pacote de dados de cada arquivo. O RDC-Arq (Conarq, 2023, p. 31) afirma que os repositórios devem ter “meios independentes de verificação de conteúdo do repositório com base no rastreamento seguro dos documentos digitais recebidos: por exemplo, registros auditáveis das admissões que não possam ser alterados.” Na admissão e criação do pacote de arquivamento, há estratégias definidas garantindo que as informações de representação sejam compreensíveis 9Em computação, log de dados é uma expressão utilizada para descrever o processo de registro de eventos relevantes num sistema computacional. Esse registro pode ser utilizado para restabelecer o estado original de um sistema ou para que um administrador conheça o seu comportamento no passado.
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 21para a comunidade designada, podendo ser acessada para garantir qualquer auditoria.Contudo, foi identificado no repositório fotográfico um risco ao pacote de dados. Ele estará comprometido se na aquisição de documentos fotográficos digitais no DAM/CHP não sejam encontrados os metadados descritivos, ou seja, os metadados que serão tratados como de preservação.O planejamento da preservação digital para o CHP/DAM envolve a definição de estratégias claras, monitoramento constante, documentação técnica disponível com transparência na governança dos dados e informações, além da garantia de que as informações de representação dos documentos digitais sejam mantidas atualizadas e compreensíveis ao longo do tempo, visando assegurar a preservação eficaz e a acessibilidade contínua dos acervos arquivísticos digitais. Essas premissas, no que diz respeito ao documento fotográfico digital, dependem quase que totalmente do ato do fotógrafo realizar a identificação básica necessária do documento fotográfico digital, realizando os preenchimentos mínimos dos metadados indicados na documentação técnica do DAM/CHP. Os quatro tipos principais de arquivos que compõem o acervo digital no DAM/CHP têm seus repositórios próprios: fotografia (JPEG), gráficos/infográficos (AI), texto (XML/TXT) e páginas (PDF). Desses citados, os documentos fotográficos e infográficos digitais são gerados fora do ambiente e, após serem produzidos, são enviados para o repositório. Os outros dois (textos e páginas) são produzidos dentro do ambiente do DAM/CHP em tempo real. Portanto, esse panorama mostra a importância do fotojornalista para a preservação digital no que diz respeito ao compromisso na transmissão dos documentos fotográficos digitais (aquisição) com os metadados de IPTC10com descrição do contexto da foto (legenda) corretamente, para que o DAM/CHP possa tratá-los e integrá-los aos metadados de preservação, como parte do gerenciamento do documento digital (Conarq, 2023, p. 42).4.2 Análise dos equipamentos e dos arquivos fotográficos digitaisPara além de realizar a análise do repositório, foi realizada uma pesquisa junto aos 14 fotojornalistas que trabalham no Jornal O Globo. Essa pesquisa buscou traçar um perfil profissional e foram analisadas questões técnicas que envolvem a produção dos arquivos fotográficos digitais e o impacto para o repositório fotográfico no DAM/CHP. É importante dizer que a pesquisa foi realizada sem a identificação dos respondentes, para não influenciar nas respostas e pudéssemos saber de fato, como cada fotojornalista atua na produção dos documentos fotográficos digitais. A seguir, vamos analisar alguns resultados desta pesquisa.10Metadados IPTC (International Press Telecommunications Council). O IPTC é um consórcio das maiores agências de imagens e de notícias e imagens do mundo. Por essa razão, é um dos líderes mundiais no estabelecimento e manutenção de padrões técnicos ligados à organização de imagens. Permite o registro automático, na hora da criação de foto, de inúmeras informações técnicas e administrativas(Rodrigues, 2023, p. 59).
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 22Sobre o tempo de atuação como fotógrafo profissional no jornalismo, podemos observar que 21,4% dos fotógrafos atuam na profissão entre 5 e 10 anos, 42,9% atuam entre 10 e 20 anos e; 35,7% atuam entre 20 e 30 anos na profissão. Esse perfil mostra que há fotojornalistas que já começaram atuar profissionalmente com câmeras que geram arquivos fotográficos nato digitais, mas que parte considerável da equipe chegou a operar equipamentos analógicos (filmes) e participaram do momento de mudança de paradigma no jornal. A pesquisa apontou que 100% dos fotógrafos que tem entre 20 e 30 anos de profissão já fotografaram profissionalmente com câmeras analógicas e aqueles que têm até 20 anos de profissão só atuaram com câmeras digitais.Outro ponto levantado na pesquisa foi a identificação de quais são os equipamentos usados pelos fotojornalistas, para então realizar uma análise técnica dos arquivos gerados e transmitidos para o repositório. Esse aspecto é importante, porque sabemos que aqueles que operam uma câmera Nikon vão produzir arquivos RAW em extensão NEF11, e os que operam com câmera Canon vão produzir arquivos RAW em extensão CR212e CR313. Além disso, dependendo do modelo, há diferenças de capacidade dos sensores e tamanho de arquivos em megabytes, cada qual com suas especificidades.A pesquisa identificou que os fotojornalistas do Jornal O Globo, operam apenas com câmeras Canon, em três modelos distintos. Por isso, para análise dos documentos fotográficos digitais gerados, vamos nos ater aos aspectos técnicos comuns a esses modelos, que são 5D Mark III e 5D Mark IV (tecnologia DSLR), correspondendo a 92,9% dos fotógrafos, e R5 (tecnologia Mirrorless), correspondendo a 7,1% dos fotógrafos. Apesar dos modelos DSRL gerarem arquivos CR2 e Mirrorlessgerarem arquivos CR3, o modo de operação e de fluxo de trabalho serão os mesmos para ambas as tecnologias, apenas divergindo na forma de captura e qualidade das imagens, bem como o tamanho dos arquivos gerados. As imagens RAW são dados brutos do sensor de imagem que são gravados digitalmente em arquivos RAW. As imagens RAW podem ser processadas para gerar imagens em outros formatos como JPEG em ambas as tecnologias e HEIF no caso da Mirrorless. Uma vez que a imagem RAW não sofre alterações, pode-se processar a imagem RAW para criar uma imagem JPEG ou HEIF com várias condições de processamento. Uma observação importante é que nenhuma imagem em RAW é enviada para o repositório CHP/DAM, pois apesar da plataforma ter todas as funcionalidades já mencionadas, ela não é capaz processar as tarefas neste formato de arquivo. Uma implementação para tratamento híbrido, ou seja, a operacionalização de imagens em formatos RAW seria possível, mas não recomendável, por questões de 11Nikon Electronic Format12CR2 é a abreviatura de Canon Raw 2 (2ª edição). Armazena os detalhes sem perdas da câmera sem qualquer forma de processamento, perda de dados, ou perda de qualidade de imagem. Estas imagens têm de ser abertas com um visor Canon CR2 e convertidas em formatos de ficheiro mais fáceis de gerir, como PNG e JPEG.13CR3é a abreviatura de Canon Raw 3(3ª edição), tecnologia mais avançada que a versão CR2, com maior capacidade de captura de brilho, cor e nitidez que a versão anterior.
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 23compatibilidade com o fluxo de trabalho editorial implementado no Jornal O Globo e pelo fato da empresa ter o arquivo JPEG como padrão. Não há no DAM/CHP da empresa documentos fotográficos digitais que não seja em formato JPEG.É importante dizer que sob a perspectiva prática, o arquivo RAW não é o tipo mais indicado para a produção editorial, pois seu tamanho pode ser até 340% superior ao arquivo JPEG gerado no mesmo equipamento (câmera), e traria fatores de impacto importantes:(i) aumento da demanda de processamento, e por consequência, a demanda por um investimento maior em hardware, o que nos leva a outro fator de impacto financeiro e; (ii) lentidão no processo colaborativo editorial, visto que demandaria maior capacidade de processamento de dados e informações no sistema, tanto para publicar ou distribuir o conteúdo; (iii) impacto significativo no espaço de armazenamento em servidor, sendo esse formato de tamanho muito superior ao JPEG (Quadro 1); (iv) por não haver necessidade de se ter o arquivo RAW no sistema, pelo fato do arquivo JPEG atender editorialmente a todas as publicações em qualquer suporte e plataforma, desde que siga as recomendações que serão apresentadas a diante (Quadro2).Nas duas tabelas apresentadas abaixo, podemos ver a diferença de tamanho em pixels(qualidade) e megabytes(tamanho).Quadro1.Comparativos técnicos entre modelos de câmeras Canon utilizados pelos fotojornalistas do Jornal O Globo (2023)CANON 5D MARK IIICANON 5D MARK IVCANON R5MirrorlessNãoNãoSimDSLRSimSimNãoVersão RAWCR2CR2CR3Gera JPEGnativo SimSimSimSensor CMOS 36 x 24 mmCMOS 36 x 24 mmCMOS 36 x 24 mmPixels efetivosAprox.23,4 megapixelsAprox.30,4 megapixelsAprox.45 megapixelsImagens geradas em quantidade de pixelsJPEG:(L) 5760 x 3840,(M) 3840 x 2560,(S1) 2880 x 1920,(S2) 1920 x 1280,(S3)720 x 480RAW:(RAW) 5760 x 3840(M-RAW) 3960 x 2640,(S-RAW) 2880 x 1920JPEG:(L) 6720x4480,(M1) 4464x2976,(S1) 3360x2240,(S2) 1696x1280,(S3) 640x480RAW:(RAW) 6720x4480,(M-RAW) 5040x3360,(S-RAW) 3360x2240JPEG/HEIF:(L) 8192 x 5464,(M1) 5808 x 3872,(S1) 4176 x 2784,(S2) 2400 x 1600RAW:(RAW) 8192 x 5464L –LARGE (GRANDE), M –MEDIUM (MÉDIO), S-SMALL (PEQUENO)Fonte: Elaborado pelos autores em mar. 2024, com base nas informaçõesdisponíveis em http://www.canon.pt/products.Acesso em: 12 mar. 2024.
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 24Quadro 2.Tamanhos de arquivos fotográficos digitais gerados pelos modelos operados pelos fotojornalistas do Jornal O Globo (2023)JPEG(Megabytes)RAW (Megabytes)Diferença (%)5D MARK III7 MB27,1 MB287 %5D MARK IV8,8 MB38,8 MB340 %R513,5 MB45,4 MB236 %Fonte: Elaborado pelos autores em mar. 2024, com base nas informações técnicas constantes nos manuais dos modelos das câmeras.Verificou-se que apesar da câmera Canon R5 ter como opção o processamento do arquivo RAW para HEIF em alternativa ao JPEG, essa operação não é utilizada. Por mais robusto que seja o DAM/CHP, não há aplicação implementada no Jornal O Globo para que a plataforma suporte os arquivos HEIF, e pelo fato dos arquivos HEIF e JPEG ocuparem basicamente o mesmo espaço no servidor (Canon, 2013, p. 942), optou-se em continuar com o padrão JPEG, como já mencionado. Obviamente, a empresa OpenText poderia realizar atualizações para dar suporte a essa aplicação, mas isso não deve ser financeiramente viável, já que os arquivos JPEG cumprem bem a função de qualidade/compressão dos arquivos. A única vantagem desperdiçada com a não utilização do processamento para HEIF é que essa extensão entrega um processamento em HDR (High Dynamic Range: Grande Alcance Dinâmico), o que torna a imagem com cores mais brilhantes e dinâmicas, resultado não muito diferente dos arquivos fotográficos digitais tratados a partir do RAW em softwares como Adobe Photoshop Lightroom14e exportados em JPEG.Outro aspecto verificado na pesquisa junto aos fotojornalistas é que todos eles produzem os documentos fotográficos digitais na qualidade máxima em pixels, independentemente de ser JPEG ou RAW, extraindo assim a melhor qualidade de geração possível do sensor das câmeras, cada qual segundo sua especificação, conforme demonstrado no Quadro 1. A pesquisa apurou também que cerca de 35,7% (5 fotojornalistas) operam gerando apenas arquivos já processados em JPEG; outros 35,7% (5 fotojornalistas) operam gerando apenas arquivos em RAW. Para esses, é importante a utilização de softwarescomo o Adobe Lightroom e o Adobe Camera Raw15a fim de tratar digitalmente asfotografias, realizar a exportação em JPEG, para só então transmitir os documentos fotográficos digitais ao DAM/CHP; outros 28,6% (4 fotojornalistas) operam gerando ambos os arquivos, em RAW e JPEG. Assim, dependendo da dinâmica da pauta, se for necessário transmitir a fotografia em caráter de urgência, visando uma publicação rápida, pode enviar a versão já processada em JPEG. Contudo, o fato de ter produzido também a versão da imagem em RAW, permite ao fotojornalista que realize um tratamento de imagem mais apurado posteriormente.14Softwarecriado pela Adobe Systems para Mac OS X e Microsoft Windows, designado àedição e tratamentos de maneira rápida e dinâmica de fotos digitais.15Softwarecriado pela Adobe Systems que permite importar e aprimorar imagens RAW. Éuma ferramenta indispensável para fotógrafos profissionais desde que foi lançado pela primeira vez em 2003.
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 254.3 Análise do fluxo de trabalho dos fotojornalistas e as implicações para a gestão e preservação dos documentos fotográficos digitais no DAM/CHPNo questionário aplicado aos fotojornalistas do Jornal O Globo, foi perguntado se há a aplicação de algum conhecimento de organização/gestão de arquivos, ainda que básico, relacionado à Ciência da Informação (Arquivologia, Biblioteconomia ou Museologia), realizando pesquisa na Internet ou buscando cursos básicos da área, para organizar seu acervo fotográfico. 28,6% (4 fotojornalistas) informaram que adquiriram conhecimento básico e utilizam lógicas dessas áreas. 64,3% (9 fotojornalistas) informaram que se organizam a partir de lógicas próprias e não necessariamente técnicas das áreas mencionadas, e 7,1% (1 fotojornalista) confessou que não tem seu acervo fotográfico organizado. Esses dados dizem muito sobre como os fotógrafos entregam os arquivos gerados no DAM/CHP, sendo que o último mencionado não necessariamente deixa de enviar os arquivos, mas ele acaba por não organizar os arquivos em seu computador ou backups,confiando apenas ao DAM/CHP como local em que terá suas fotografias organizadas.Foiverificadoque a preservação dos documentos fotográficos digitais está totalmente dependente dos fotojornalistas no desempenho de suas funções. O Jornal O Globo conta com um Centro de Documentação e Informação (CDI) com analistas de informação (arquivistas e bibliotecários) que trabalham na verificação dos documentos digitais que são gerados e efetivamente publicados. É importante dizer quenão são todas as fotografias enviadas ao DAM/CHP que são publicadas. Apenas as fotografias publicadas (aquelas que são efetivamente utilizadas) são verificadas pelos profissionais que trabalham no CDI. Essa verificação acontece observando se os metadados semânticos atribuídos fazem sentido com o escopo do assunto em que a fotografia foi utilizada e se os metadados de preservação estão presentes e interligados aos documentos correlatos: XML/TXT e PDF. Alguns ajustes semânticos podem ser feitos, mas a atuação nesse estágio, mesmo por um profissional da informação, não realiza o trabalho de descrição como um fotojornalista faria.Portanto, mesmo considerando as fotografias publicadas, se hipoteticamente a fotografia utilizada não contar com os metadados de preservação devidamente preenchidos, não há como os analistas realizarem a descrição arquivística apurada, pois não terão a informação do contexto de produção. Esse diagnóstico mostra o quanto toda a cadeia de custódia e preservação dos documentos fotográficos digitais dependem dos fotojornalistas de maneira irrevogável.6 ConclusãoÉpossível observar que o fotojornalista tem participação direta na produção, na avaliação (pré-edição), na identificação e no envio dos documentos fotográficos digitais para o repositório no DAM/CHP para um arquivamento permanente. Observando então que ações de avaliação passam pelo crivo único do fotojornalista.
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 26É ele que atribui valor aos documentos fotográficos digitais e quem decide quais serão efetivamente preservados (enviados ao DAM/CHP). A avaliação dos documentos fotográficos digitais acontece em ato contínuo ao da produção e, portanto, o que se espera do fotojornalista é que ele considere o contexto de produção e os objetivos almejados para realizar uma avaliação eficaz dos documentos fotográficos digitais.Após a seleção feita na pré-edição fotográfica, os fotojornalistas precisam realizar a identificação arquivística dos documentos fotográficos digitais. Os fotojornalistas, então, são os produtores dos documentos fotográficos digitais, ao mesmo tempo que realizam a avaliação daqueles que serão enviados para a preservação, mas que antes disso, precisam realizar a identificação arquivística necessária para que os arquivos possam ser geridos e acessados posteriormente no repositório fotográfico do DAM/CHP. Essa tarefa é importante ao ponto de que, se por algum erro do fluxo de trabalho, um fotojornalista enviar uma fotografia sem os metadados de preservação pré-definidos, ou indevidamente preenchidos, esse documento fotográfico digital ocupará espaço de armazenamento e poderá ficará perdido no servidor sem jamais ser encontrado, pois não haverá tratamento de metadados semânticos. Ele ficará, portanto, fora do espectro do pacote de informação do DAM/CHP. A informação de descrição de preservação leva em consideração “toda a informação necessária para a preservação no longo prazo, referente às condições de acesso, contexto de produção e ações de preservação” (Rocha, 2020, p. 102).Na pesquisa realizada junto aos fotojornalistas do Jornal O Globo, o softwareFotoStation16foi identificado como ferramenta utilizada para inserir os metadados necessários para realizar a preservação digital das fotografias, são eles: autor, legenda (que contextualiza a imagem), palavras-chave, data, direito autoral (créditos), cidade, estado, país, além, é claro, de exibir os metadados com informações técnicas sobre o documento fotográfico digital, que reforça a sua originalidade.Foi realizada uma análise, através de estudo de caso no Jornal O Globo, sobre o repositório de fotografias digitais da empresa, bem como uma avaliação do fluxo de trabalho dos fotojornalistas e suas implicações na cadeia de custódia, gestão e preservação dos documentos fotográficos digitaisEspera-se que o resultado dessa pesquisa possa contribuir não só para os estudos acadêmicos no campo da arquivologia que envolvem o tema fotográfico, bem como dar contribuições técnicas para pesquisadores que buscam melhores práticas no fazer profissional do fotojornalismo e na preservação das fotografias digitais.ReferênciasALMEIDA, C.R.B. Composição de web servicessemânticos no ambiente ICS de comércio eletrônico. 2004.93 f.Dissertação (Mestrado em Ciência da Computação) -Faculdade de Engenharia, Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2004.16FotoStation é um produto desenvolvido pela FotoWare, uma empresa de software norueguesa voltada para fotógrafos profissionais que desenvolve soluções relacionadas a gerenciamento de ativos digitais (DAM).
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 27CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (CONARQ). Diretrizes para a implementação de repositórios arquivísticos digitais confiáveis–RDC-Arq. Rio de Janeiro, 2015. Disponível em: https://shre.ink/xe8H. Acesso em: 26fev. 2024.CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (CONARQ).Glossário Documentos Arquivísticos Digitais. 2020. Disponível em: http://www.gov.br/conarq/pt-br/assuntos/camaras-tecnicas-setoriais-inativas/camara-tecnica-de-documentos-eletronicos-ctde/glosctde_2020_08_07.pdf. Acesso em: 26 fev. 2024.CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (CONARQ). Diretrizes para implantação de repositórios arquivísticos digitais confiáveis (RDC-Arq). Câmara Técnica de Documentos Eletrônicos, Rio de Janeiro: CONARQ, 2023. Disponível em: https://shre.ink/xeDY. Acesso em: 17 de mar. 2024.CONSELHO NACIONAL DE ARQUIVOS (CONARQ). Resolução nº 51, de 25 de agosto de 2023. Dispõe sobre as “Diretrizes para a Implementação de Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis”, Versão 2. Disponível em: https://shre.ink/xeDO. Acesso em: 23 mar. 2024.INDOLFO, A.C. Gestão de Documentos: uma renovação epistemológica no universo da Arquivologia. Arquivística.net, Rio de janeiro, v. 3, n. 2, p. 28-60, jul./dez, 2007. MAIA, A.K.A. O momento decisivo no fotojornalimo atual:a importância da métis na atuação do fotógrafo. In: ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISADORES EM JORNALISMO E ENCONTRO DE JOVENS PESQUISADORES EM JORNALISMO, 10., 2., 2012, Curitiba. Anais[...]. Curitiba: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 2012.MÁRDERO ARELLANO, Miguel Ángel; TAVARES, Maria de Fátima Duarte. Preservação do patrimônio científico das humanidades: a emergência da Rede Cariniana. Cadernos de História, Belo Horizonte, v. 16, n. 25, 2. sem. 2015. Disponível em: https://shre.ink/xeDR. Acesso em 05 mar 2024.MARIZ, A. C. A.; VIEIRA, T. O. Classificações dos arquivos e documentos de arquivo. In: MARIZ, Anna Carla Almeida; RANGEL, Thayron Rodrigues (org.). Arquivologia: temas centrais em uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2020. p. 9-25.NEIVA, E. Dicionário Houaiss de comunicação e multimídia. São Paulo: Publifolha, 2013.OLIVEIRA, C.P.de. Recomendações para a preservação de documentos arquivísticos digitais produzidos pelo estado do Rio de Janeiro. 2023. 218 f.Dissertação(Mestrado em Gestão de Documentos e Arquivos) -Centro de Ciências Humanas e Sociais, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2023.
Artigo OriginalRev. Bras. Presev. Digit. Campinas, SPv. 6e0250012025ISSN 28OPENTEXT. About us. Disponível em: http://www.opentext.com/about. Acesso em: 29 fev. 2024.ROCCO, B.C.de B.A preservação de documentos em ambiente digital: contribuições da Teoria Social na ampliação da abordagem técnica. 2021. 213 f.Tese (Doutorado em Ciência da Informação) -Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021.ROCHA, C. L. Gestão e preservação de documentos digitais. In: MARIZ, Anna Carla Almeida; RANGEL, Thayron Rodrigues (org.). Arquivologia: temas centrais em uma abordagem introdutória. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2020. p. 99-128.RODRIGUES, R.C. Organização da imagem em banco de imagens: conceitos gerais. In: MACÊDO, Diego José; SHINTAKU, Milton (org.). Imago: reflexões para proposição de banco de imagens. Brasília: IBICT, 2023.RONDINELLI, R.C.O documento arquivístico ante a realidade digital: uma revisão conceitual necessária. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2014.SILVA, S. C. A. Algumas reflexões sobre preservação de acervos em arquivos e bibliotecas. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1998
Preservação Digital de Fotografias: Gestão, Metadados e Fluxo de Trabalho no FotojornalismoO que é um pacote de informações no DAM/CHP?No contexto da preservação digital, o pacote de informações é um conceito essencial. Segundo o RDC-Arq (Conarq, 2023) e a documentação técnica do DAM/CHP (OpenText, 2024), ele compreende:
Pacote de dados: contém os dados em si.
Pacote de armazenamento: organiza e estrutura os dados para arquivamento.
Pacote de informação: engloba dados, metadados e elementos necessários para garantir a integridade e a autenticidade.
Os metadados semânticos conectam dados e arquivos nos repositórios, enquanto os metadados de preservação asseguram rastreabilidade e verificação do conteúdo digital.
Dica: para conhecer diretrizes completas, consulte o RDC-Arq – Diretrizes para Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis.
A importância da integridade e autenticidade dos documentos digitaisA gestão eficaz de acervos digitais depende de mecanismos que garantem:
Verificação de integridade dos pacotes de dados
Autenticidade na exportação e distribuição
Transferência entre sistemas mantendo a estrutura e confiabilidade
O DAM/CHP é responsável por gerir dados digitais, incluindo perfis de acesso, relatórios de uso e controle de metadados.
Licenciamento e difusão de conteúdos no FotojornalismoNo modelo de syndication, a Agência O Globo licencia conteúdos completos ou parciais. O processo envolve:
Criação de pacotes conforme parâmetros do RDC-Arq
Admissão dos documentos digitais com metadados obrigatórios
Transformação dos pacotes em AIP (pacotes de informação para arquivamento)
Estratégias de preservação digital no DAM/CHPPara manter a integridade dos arquivos digitais, a plataforma adota práticas como:
Monitoramento de obsolescência tecnológica
Documentação de controle de acesso e edição
Registros de logs auditáveis
Essa governança é essencial para garantir que os documentos fotográficos sejam preservados e acessados no longo prazo.
O papel dos fotojornalistas na preservação digitalA pesquisa realizada com 14 fotojornalistas do Jornal O Globo revelou:
100% atuam com câmeras digitais (DSLR e Mirrorless)
Parte considerável da equipe iniciou a carreira com equipamentos analógicos
35,7% produzem apenas JPEG
35,7% produzem apenas RAW
28,6% produzem ambos os formatos
Os metadados IPTC (autor, legenda, data, direitos autorais, localização) são fundamentais para contextualizar as imagens.
Análise dos equipamentos e formatos de arquivos fotográficos digitaisModelos de câmeras usados no Jornal O GloboCanon 5D Mark III (DSLR, RAW CR2)
Canon 5D Mark IV (DSLR, RAW CR2)
Canon R5 (Mirrorless, RAW CR3)
JPEG é o formato padrão no repositório. Embora a Canon R5 permita exportar HEIF com HDR, a empresa mantém o JPEG por compatibilidade editorial.
Comparativo de tamanho dos arquivosModeloJPEG (MB)RAW (MB)Diferença (%)5D Mark III727,1+287%
5D Mark IV8,838,8+340%
Canon R513,545,4+236%
Conclusão: O uso de RAW aumentaria custos de armazenamento e processamento, sem ganhos significativos para publicações cotidianas.
Fluxo de trabalho e desafios na preservação digitalA pesquisa identificou que:
64,3% dos fotojornalistas organizam os arquivos com métodos próprios.
28,6% aplicam princípios de Arquivologia ou Biblioteconomia.
7,1% não organizam os arquivos localmente.
O DAM/CHP torna-se, portanto, o único ponto confiável de organização e preservação. O risco é que, se os metadados não forem atribuídos corretamente, imagens podem ficar “invisíveis” no repositório.
Conclusão: A responsabilidade do fotojornalista na cadeia de custódia digitalO fotojornalista atua em múltiplas etapas:
Produção e seleção de imagens.
Identificação arquivística e aplicação de metadados.
Envio ao repositório DAM/CHP.
Se algum metadado essencial estiver ausente, a fotografia pode ficar inacessível no sistema.
Ferramentas utilizadasO FotoStation é o software que permite inserir metadados e garantir que:
Contexto da imagem seja documentado.
Direitos autorais sejam atribuídos.
Informações técnicas comprovem a originalidade.
Saiba mais sobre preservação digitalSe você se interessa pelo tema, consulte referências importantes:
Diretrizes RDC-Arq – Conarq
OpenText – Soluções DAM (www.opentext.com)
Canon – Especificações técnicas das câmeras (www.canon.pt)
Chamada à ação Quer implementar boas práticas de preservação digital no seu fluxo editorial?
Entre em contato com profissionais de Arquivologia e gestão da informação. A preservação começa na produção!
Pacote de dados: contém os dados em si.
Pacote de armazenamento: organiza e estrutura os dados para arquivamento.
Pacote de informação: engloba dados, metadados e elementos necessários para garantir a integridade e a autenticidade.
Os metadados semânticos conectam dados e arquivos nos repositórios, enquanto os metadados de preservação asseguram rastreabilidade e verificação do conteúdo digital.
Dica: para conhecer diretrizes completas, consulte o RDC-Arq – Diretrizes para Repositórios Arquivísticos Digitais Confiáveis.
A importância da integridade e autenticidade dos documentos digitaisA gestão eficaz de acervos digitais depende de mecanismos que garantem:
Verificação de integridade dos pacotes de dados
Autenticidade na exportação e distribuição
Transferência entre sistemas mantendo a estrutura e confiabilidade
O DAM/CHP é responsável por gerir dados digitais, incluindo perfis de acesso, relatórios de uso e controle de metadados.
Licenciamento e difusão de conteúdos no FotojornalismoNo modelo de syndication, a Agência O Globo licencia conteúdos completos ou parciais. O processo envolve:
Criação de pacotes conforme parâmetros do RDC-Arq
Admissão dos documentos digitais com metadados obrigatórios
Transformação dos pacotes em AIP (pacotes de informação para arquivamento)
Estratégias de preservação digital no DAM/CHPPara manter a integridade dos arquivos digitais, a plataforma adota práticas como:
Monitoramento de obsolescência tecnológica
Documentação de controle de acesso e edição
Registros de logs auditáveis
Essa governança é essencial para garantir que os documentos fotográficos sejam preservados e acessados no longo prazo.
O papel dos fotojornalistas na preservação digitalA pesquisa realizada com 14 fotojornalistas do Jornal O Globo revelou:
100% atuam com câmeras digitais (DSLR e Mirrorless)
Parte considerável da equipe iniciou a carreira com equipamentos analógicos
35,7% produzem apenas JPEG
35,7% produzem apenas RAW
28,6% produzem ambos os formatos
Os metadados IPTC (autor, legenda, data, direitos autorais, localização) são fundamentais para contextualizar as imagens.
Análise dos equipamentos e formatos de arquivos fotográficos digitaisModelos de câmeras usados no Jornal O GloboCanon 5D Mark III (DSLR, RAW CR2)
Canon 5D Mark IV (DSLR, RAW CR2)
Canon R5 (Mirrorless, RAW CR3)
JPEG é o formato padrão no repositório. Embora a Canon R5 permita exportar HEIF com HDR, a empresa mantém o JPEG por compatibilidade editorial.
Comparativo de tamanho dos arquivosModeloJPEG (MB)RAW (MB)Diferença (%)5D Mark III727,1+287%
5D Mark IV8,838,8+340%
Canon R513,545,4+236%
Conclusão: O uso de RAW aumentaria custos de armazenamento e processamento, sem ganhos significativos para publicações cotidianas.
Fluxo de trabalho e desafios na preservação digitalA pesquisa identificou que:
64,3% dos fotojornalistas organizam os arquivos com métodos próprios.
28,6% aplicam princípios de Arquivologia ou Biblioteconomia.
7,1% não organizam os arquivos localmente.
O DAM/CHP torna-se, portanto, o único ponto confiável de organização e preservação. O risco é que, se os metadados não forem atribuídos corretamente, imagens podem ficar “invisíveis” no repositório.
Conclusão: A responsabilidade do fotojornalista na cadeia de custódia digitalO fotojornalista atua em múltiplas etapas:
Produção e seleção de imagens.
Identificação arquivística e aplicação de metadados.
Envio ao repositório DAM/CHP.
Se algum metadado essencial estiver ausente, a fotografia pode ficar inacessível no sistema.
Ferramentas utilizadasO FotoStation é o software que permite inserir metadados e garantir que:
Contexto da imagem seja documentado.
Direitos autorais sejam atribuídos.
Informações técnicas comprovem a originalidade.
Saiba mais sobre preservação digitalSe você se interessa pelo tema, consulte referências importantes:
Diretrizes RDC-Arq – Conarq
OpenText – Soluções DAM (www.opentext.com)
Canon – Especificações técnicas das câmeras (www.canon.pt)
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