A preservação digital requer a existência de organizações confiáveis, capazes de armazenar, migrar e fornecer acesso a coleções digitais. O documento "Trustworthy Repositories Audit & Certification: Criteria and Checklist" (TRAC) estabelece critérios para auditoria e certificação de repositórios digitais confiáveis, garantindo a preservação a longo prazo. Desenvolvido pela Research Libraries Group (RLG) e pela National Archives and Records Administration (NARA), o TRAC baseia-se no modelo OAIS (Open Archival Information System, ISO 14721), fornecendo um conjunto de diretrizes aplicáveis a uma variedade de repositórios, desde arquivos institucionais até serviços terceirizados de preservação digital (TRAC, 2007, p. 1). Os critérios de certificação do TRAC são organizados em três grandes categorias. A primeira, infraestrutura organizacional, abrange governança, sustentabilidade financeira e políticas institucionais. O repositório deve ter uma "mission statement that reflects a commitment to the long-term retention of, management of, and access to digital information" (TRAC, 2007, p. 10), além de um plano de sucessão para garantir a continuidade das operações. Além disso, deve dispor de uma equipe qualificada e de estratégias para desenvolvimento profissional (TRAC, 2007, p. 11). A governança inclui a definição da comunidade designada (Designated Community) e a formalização de contratos que estabeleçam direitos e responsabilidades na preservação dos objetos digitais (TRAC, 2007, p. 18). A segunda categoria refere-se à gestão de objetos digitais, abordando desde a ingestão até a disseminação. O repositório deve garantir que os objetos são "authentic, reliable, and usable" (TRAC, 2007, p. 21) e assegurar a verificação da integridade dos pacotes arquivísticos (Archival Information Packages - AIPs). Deve ainda adotar estratégias eficazes para a preservação, garantindo a migração e acessibilidade a longo prazo (TRAC, 2007, p. 33). A terceira categoria trata das tecnologias e segurança do repositório. A infraestrutura técnica deve seguir padrões reconhecidos, como "OAIS Reference Model (ISO 14721) and the subsequent ISO 16363" (TRAC, 2007, p. 48), garantindo robustez e compatibilidade com práticas internacionais. Além disso, deve contar com medidas de segurança contra falhas técnicas e ameaças cibernéticas (TRAC, 2007, p. 49). O processo de certificação do TRAC envolve uma autoavaliação inicial, auditoria externa e certificação formal, válida por quatro anos, com revisões periódicas entre 18 e 24 meses (TRAC, 2007, p. 5). O impacto do TRAC é significativo, influenciando a adoção do ISO 16363 e modelos de certificação em diversos países, como o nestorSEAL na Alemanha e o Data Seal of Approval (DSA) na Holanda (TRAC, 2007, p. 77). Dessa forma, o TRAC estabelece um modelo essencial para garantir que repositórios digitais cumpram sua função de preservar informações a longo prazo, assegurando autenticidade, integridade e acessibilidade. O documento "Trustworthy Repositories Audit & Certification (TRAC): Criteria and Checklist" descreve métricas para avaliar repositórios digitais em conformidade com o modelo OAIS (Open Archival Information System). Desenvolvido por uma força-tarefa conjunta da OCLC/RLG e NARA, o TRAC foi publicado em 2007 e posteriormente substituído pelo ISO 16363 em 2012.
1. Introdução
2. Processo de Auditoria e Certificação
3. Critérios de Auditoria e Certificação Os critérios do TRAC estão divididos em três categorias principais: A. Infraestrutura Organizacional Critérios relacionados à governança, estrutura, políticas e sustentabilidade financeira. A1. Governança e Viabilidade Organizacional
B. Gestão de Objetos Digitais Critérios relacionados ao ciclo de vida dos objetos digitais, desde a ingestão até a disseminação. B1. Ingestão de Conteúdo
C. Tecnologias, Infraestrutura Técnica e Segurança Critérios relacionados às tecnologias utilizadas para garantir a preservação digital. C1. Infraestrutura Técnica
4. Impacto e Futuro do TRAC
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AutorTAVARES, Lucas. ArquivosCategorias |